quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Entre o sexo e o eros na pós-modernidade

O sexo virou objeto de luxo e alvo do marketing. Vende-se o corpo perfeito, os objetos eróticos, os vídeos pornográficos, as roupas, acessórios e as fantasias. Vendem-se descontos nos motéis, vendem-se produtos que garantem prolongar e aumentar o prazer. O sexo está tão na moda e tão em alta que é praticado cada vez mais precocemente, é mostrado nas mídias cada vez mais sem pudor. O sexo perdeu seus mistérios, seu desvelamento e a possibilidade de encantamento com o desconhecido. Está tudo tão à mostra, nos corpos nus e nos manuais, na internet e aparelhos tecnológicos. Parece que o prazer do toque, o êxtase de se perder e se encontrar no outro, foram substituídos pelo virtual. Preocupo-me com estes jovens que aprendem o sexo nos sites, chats e nos vídeos pornôs. Percebo um fenômeno de meninos e meninas que sabem posições, falam sobre o sexo e, no entanto não o vivenciaram, não o amadureceram ao longo das fases de sua vida. Não experimentaram o toque de seu corpo e o descobrir do copo do outro na infância. Não acordaram assustados com a polução noturna ou quando sentiram excitação vendo um beijo escondido por trás da janela. Não sonharam com o primeiro beijo ou se descobriram com medo da primeira vez. Já que está tudo tão ai, tão a mostra. E esta mesma geração que sabe milhões de posições, que eu nem sei citar o nome, me parece fazer sexo por fazer, para produzir esperma, para aliviar o stress. Para quantificar o numero de parceiros, para depois contar aos amigos quantas e de quais formas praticaram o ato. É sexo virou uma prática, assim como se escova os dentes ou se penteia os cabelos. Não estou pregando o puritanismo não, e nem sou a favor dele, só gostaria de destacar que algo que deveria ser natural do ser humano, que é por si só um ser erótico, está se perdendo nos padrões ditados pela mídia e nas fórmulas prontas de garantia de uma noite de prazer, isso quando é uma noite. Não penso que o sexo deva ser tabu, contudo me preocupo dele ser um objeto de desejo. Enquanto deveria esta despertando desejo, sensações, autoconhecimento, amadurecimento. Me preocupo por perceber que se perde muito quando se banaliza o sexo e se acredita está levantando a bandeira da liberdade e igualdade entre os gêneros. Pois, percebo nisso tudo uma falsa ilusão. Faz-se a cada dia mais sexo e os homens se encontram ainda mais sozinhos. Não que necessitemos de crescer e multiplicar ou formar "parezinhos". Mas, vivenciar o sexo como momento de transcendência, de troca, de êxtase até atingir o ápice da energia libidinal, seja ela para a vida ou para a morte. O que pode propiciar momentos e encontros do homem com sua natureza de maneira mais plena e sem preconceitos. Vivenciar o sexo pode se tornar um espaço de liberdade e de conhecimento pessoal. Quando os corpos estão nus diante do outro não á necessidade de esconder os desejos e o instinto. É algo natural do homem como já mencionei anteriormente. E por ser natural deve ser explorado em todas as suas instâncias, não por ser sexo mecânico e fisiológico. Mas, por proporcionar aos que o contempla um estado único de doação, entrega e troca de prazer. Também não estou pregando uma bandeira contra o sexo casual e as aventuras. Só estou tentando ressaltar o quanto se perde no próprio sexo quando não se o explora em sua plenitude. Quando não se conhece o corpo do outro de forma a propiciar intenso prazer, quando se pratica apenas posições e não se cria uma relação de troca mínima que seja. E não entro aqui no mérito do romantismo, tão escasso em nossos dias. Falo de perceber o outro não apenas como instrumento de liberação de stress ou esperma. E sim, como alguém que assim como você tem desejos e fantasias, tem partes a serem tocadas e exploradas, têm palavras que gostam de dizer e ouvir, tem um ritmo, um tempo para chegar lá. Quando abrimos espaço para perceber o outro, aprendemos o quanto o sexo pode de fato ser prazeroso. Pois, durante o sexo não existem diferenças, não existe gordo ou magro, hétero ou homo, feio e bonito, o sexo tem uma força própria que elimina todos os preconceitos, medos e pudores em nome do prazer, em nome de se sentir extasiado e satisfazer o desejo das volúpias do corpo. E como satisfazer nossos desejos se dificilmente o conhecemos influenciados pela ânsia da sociedade pós-moderna de vender a sexualidade como artigo de luxo. Como dar prazer ao outro se raramente conhecemos a si mesmos?

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